Polvo com acne?
No dia 13/05/2012 o Sr. Fernando Rodrigues encontrou no areal da Fajã da Praia do Norte (costa NW da ilha do Faial) um polvo morto que lhe pareceu estranho. No dia seguinte o exemplar foi-nos trazido pelo Pedro Escobar para identificação.
Era uma fêmea de uma espécie de polvo pelágico, com o nome científico de Ocythoe tuberculata, que já devia estar morta há alguns dias e acabou por arrojar na referida praia. Tal como a maioria das espécies de polvos, tem 2 fiadas de ventosas nos braços, mas o manto nesta espécie é muito grande e quase esférico. É conhecido em inglês como “football pelagic octopus”, mas em português poderíamos designá-lo por “polvo de ventre rugoso“ em virtude dos numerosos tubérculos que têm na parte ventral do manto, que se assemelham a “borbulhas” (daí a referência ao acne). As funções destes tubérculos são desconhecidas. Esta fêmea tinha os braços incompletos, provavelmente comidos por outros animais depois de ter morrido.
Desde 1991 que não observávamos um exemplar desta espécie nos Açores (foto 1), sendo esta a 6ª ocorrência registada nesta região, que curiosamente têm ocorrido quase sempre entre maio e julho.
Desde 1991 que não observávamos um exemplar desta espécie nos Açores (foto 1), sendo esta a 6ª ocorrência registada nesta região, que curiosamente têm ocorrido quase sempre entre maio e julho.
Foto 1. Foto da fêmea do Ocythoe tuberculata de 1991 e que foi mantido vivo durante 1 dia num tanque de água existente na altura na Fábrica da balei de Porto Pim. Foto: Pedro Afonso.
Esta espécie foi descrita em 1814 pelo biólogo francês Constantine Rafinesque, que comeu o exemplar que descreveu, dizendo, numa tradução literal para português: “...este Ocythoe proporcionou uma refeição para muitos e é tão bom como os Octopus.”
Trata-se de uma espécie de polvo robusta que nada permanentemente no mar aberto (não vive no fundo como as espécies mais comuns de polvos), tendo uma coloração típica (zona dorsal de cor azul violeta e parte ventral alaranjada/amarelada), sobretudo visível nos animais vivos. É uma espécie que vive nas águas superficiais, não ultrapassando os 200 m de profundidade (epipelágica), das zonas temperadas e quentes de todos os oceanos (cosmopolita).
Esta espécie foi descrita em 1814 pelo biólogo francês Constantine Rafinesque, que comeu o exemplar que descreveu, dizendo, numa tradução literal para português: “...este Ocythoe proporcionou uma refeição para muitos e é tão bom como os Octopus.”
Trata-se de uma espécie de polvo robusta que nada permanentemente no mar aberto (não vive no fundo como as espécies mais comuns de polvos), tendo uma coloração típica (zona dorsal de cor azul violeta e parte ventral alaranjada/amarelada), sobretudo visível nos animais vivos. É uma espécie que vive nas águas superficiais, não ultrapassando os 200 m de profundidade (epipelágica), das zonas temperadas e quentes de todos os oceanos (cosmopolita).
Esta espécie tem algumas características ímpares para este tipo de animais: acentuado dimorfismo sexual (fêmeas são muito maiores que os machos – comprimento até 10x maiores; os machos por vezes habitam dentro de salpas pelágicas), têm um par de poros aquíferos na base do funil que comunicam com uma câmara interna na base da cabeça e parecem servir para ajudar na locomoção; têm uma “bexiga gasosa” para equilíbrio hidrostático e são conhecidos por serem a única espécie de polvo ovovivípara (os juvenis nascem diretamente dos ovidutos das fêmeas).
É uma espécie pouco estudada dado que as ocorrências são ocasionais, mas faz parte da dieta alimentar de várias espécies de lulas e peixes pelágicos (atuns, espadartes, etc.) e de mamíferos marinhos (focas e cetáceos).
Foto 2. Vista dorsal do exemplar de polvo pelágico Ocythoe tuberculata arrojado na Fajã da Praia do Norte (Faial) em 13/05/2012. Notem-se os braços incompletos e padrão azulado do animal que não é mais intenso por já estar morto há algum tempo quando foi fotografado. Foto: José Nuno Pereira.
Foto 3. Vista ventral do mesmo exemplar, vendo-se claramente se a rede de tubérculos ásperos que cobrem toda a parte ventral. O funil (F) é maior que nas outras espécies de polvos, vendo-se os poros ventrais (P). Notam-se ainda pequenas algas filamentosas agarradas à pele e difíceis de remover. Foto: José Nuno Pereira.
Foto 4. Vista lateral do mesmo exemplar, notando-se bem a transição da zona ventral com os tubérculos e a dorsal mais lisa e azulada. Notam-se ainda as cartilagens típicas (C) de fecho do manto e o olho (O) que está pouco visível em virtude de o animal já estar morto há algum tempo quando foi fotografado. Foto: José Nuno Pereira.
Até ao dia em que o observámos e fotografámos (14/05/2012), o polvo foi mantido refrigerado num saco plástico (evitando a desidratação). Após a sessão fotográfica e de amostragem biológica básica (pesar, medir, extracção de amostras de tecido) o exemplar foi preservado em formol a 10% para ser posteriormente incluído na colecção científica do DOP. Foram preservadas amostras de músculo para genética e o bico foi removido e conservado à parte.
Dados do exemplar (fêmea):
Peso húmido do exemplar (g): 1080,1
Medidas animal húmido (mm):
Comprimento dorsal manto: 155,0 Comprimento ventral manto: 142,0
Largura máxima cabeça: 81,0 Comprimento máximo funil (ventral): 71,0
Braços todos incompletos (comidos)
Medidas bico inferior - húmido (mm):
Comprimento dorsal (DL): 20,0 Comprimento capuz (UW): 11,6 Comprimento rostro (LRL): 9,0
Colaboradores na recolha de dados e fotografias: Pedro Escobar (aluno CET OpMar) e José Nuno Pereira (IMAR).
Para saber mais: