No dia 12 de janeiro de 2012 foi apanhado na escaleira do porto da Horta, junto à Lotaçor, por um casal de curiosos que ia a passar, o exemplar das imagens seguintes. Chamou-lhes à atenção as cores azuis e douradas do estranho animal. Resolveram apanhá-lo à mão e entregá-lo no laboratório do DOP.
Quando o observámos já estava morto, pelo que restou tirar as informações mais importantes, fotografá-lo e guardá-lo.
O que é?
Trata-se de uma fêmea de Argonauta argo, conhecido em inglês também por "paper octopus" ou por "Nautilus paper". Nesta espécie de polvos pelágicos há um dimorfismo sexual extremo. Os machos são anões. As fêmeas são bastante maiores e produzem, com os braços dorsais, uma câmara ovígera, conhecida por oviscapto. É uma falsa concha, por isso também chamada de pseudo-concha. A verdadeira concha dos polvos é uma estrutura vestigial, reduzida a um pequeno espinho interno, inserido nas paredes musculares do manto (parte do corpo tipo "saco/capuz").
Os argonautas existem em todos os oceanos do mundo, mas raramente aparecem junto à costa, sendo, por isso, pouco vistos. São normalmente consumidos por grandes peixes pelágicos (espadartes, espadins, etc.).
Dados:
Pormenor do oviscapto de Argonauta argo, apanhado no dia 12/01/2012. A dimensão desta pseudo-concha pode ser depreendida a partir da escala (cm) que está na base. Foto: Ana Filipa Sobral (ImagDOP).
Vista lateral do polvo pelágico (Argonauta argo, apanhado no dia 12/01/2012). Colocou-se o primeiro par de braços por cima do oviscapto para demonstrar a forma como a conseguem cobrir com as membranas largas destes braços. Foto: Ana Filipa Sobral (ImagDOP).
Vista ventral do Argonauta argo de 12/01/2012. Notem-se as expansões das membranas dos braços dorsais (1º par) e o oviscapto. Foto: Ana Filipa Sobral (ImagDOP).
Até ao dia em que o observámos e fotografámos (16/01/2012), o polvo foi mantido refrigerado num saco plástico (evitando a desidratação). Após a sessão fotográfica e de amostragem biológica básica (pesar, medir) o exemplar foi preservado em formol a 10% para ser posteriormente incluído na colecção científica do DOP.
Dados do exemplar:
Peso húmido (g):
Total do exemplar: 28,0 Oviscapto: 2,6
Contagens:
Número de nódulos (cristas) no oviscapto: 33 Nº de pares de ventosas nos braços: 2
Medidas (mm):
Oviscapto:
Comprimento máximo: 73,7 Altura máxima: 47,2 Largura máxima (espessura): 28,8
Animal:
Comprimento dorsal manto: 84,0 Diâmetro máximo manto: 35,0 Comprim. ventral manto: 42,2
Comprimento dos braços:
Direito 1 (D1): 139 D2: 171 D3: 135 D4: 160
Esquerdo 1 (E1): 131 E2: 172 E3: 135 E4: 161
Colaboradores na recolha de dados e fotografias: Ana Filipa Sobral, Michelle Braña, Catharina Pieper, Ricardo Fernandes, Catarina Morgado, Ana Besugo e Mafalda Monteiro (alunos Mestrado MEIO).
Uma Argonauta viva tem um aspecto bastante mais atractivo, como podem ver na foto seguinte.
Fotografia subaquática de Argonauta argo vivo, tirada em 1999 nos proximidades do porto da Horta. Foto: Jorge Fontes (ImagDOP). Para saber mais:
Argonauta_argo - Wikipedia
Argonauta - Tree of Life
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