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…Um peixe esquisito foi apanhado no canal entre flores
e corvo (…) a boiar por volta das 11h da manhã!
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… Foi encontrado ali junto ao Castelete do Calhau, Faial,
no fim de Julho, na costa, um peixe que não faço ideia o que seja!
Argyropelecus
hemigymnus
Fotografia cedida
por Gilberto Machado
O que é
estranho neste peixe? Será o nome pelo qual é conhecido? Será a morfologia fora
do vulgar do peixe? Será ter dado à costa a boiar?
Realmente nada neste peixe é vulgar.
Este peixe é conhecido por pai-velho, peixe-machado ou peixe-machadinha, com
o nome cientifico Argyropelecus
hemigymnus, e Argyropelecus aculeatus
pequeno predador (3-4 cm) da
profundidade que durante a noite sobe mais à superfície para se alimentar,
regressando de dia ao seu habitat natural entre os 250 a 600 m de profundidade.
Realmente o nome vulgar de peixe-machado ou peixe-machadinha entende-se
pela fisionomia do mesmo uma vez que a sua forma e a cor prateada lembra um
pequeno machado. Quanto ou nome pai-velho há um notório esforço criativo da
parte de quem o batizou com este nome.
Dado ser um peixe de profundidade, tem órgãos luminosos na zona da barriga
que emite luz para se camuflar de outros predadores da profundidade (visto de
baixo a luz que emite pela barriga confunde-se com a luz que vem da superfície).
Os olhos são grandes, e posicionados na parte dianteira da cabeça,
permitindo-lhe uma melhor visão estereoscópica e caçar as suas presas, em
ambientes onde a luz escasseia. Dado ser um predador, tem uma boca bastante
desenvolvida e dentes afiados capazes de aprisionar as suas vítimas.
Estes peixes vivem em águas profundas mas por vezes são transportados para
águas mais superficiais, talvez por correntes fortes criadas pelos montes
submarinos e encostas das ilhas. A sua bexiga-natatória expande e impede que
voltem para as profundidades a que estão adaptados. Chegam à superfície
moribundos, com a bexiga-natatória expandida (bucho de fora) e ficam de lado. Dado
serem prateados (refletindo a luz do sol) acabam por ser presas fáceis para as
aves marinhas.
Argyropelecus
aculeatus
Fotografia cedida
por Paulo Manes
Referências:
Agradeço aos Professores João Gonçalves, Filipe Porteiro, pela ajuda na
identificação dos exemplares e a Paulo Manes, e Gilberto Machado pela cedência das
fotografias.
Carlos André Fonseca
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