terça-feira, 18 de março de 2014

"Legumes do mar" saltam para as suas receitas

Iniciada a época de "caça" à "erva-patinha"na região Açoriana!

    As algas são excelentes fontes de fibra, minerais e nutrientes. São alimentos seguros para saúde. No geral, podem ser utilizadas numa vasta variedade dietética. Estas podem substituir o arroz, batatas assadas e a salada ou serem acrescentadas a sopas, caldos, cozidos e guisados. Alguns destes “legumes do mar” já são consumidos pelos Portugueses, como é o exemplo do consumo de “erva patinha”/ “erva do calhau” e “esparguete da costa” na região Açoriana.

    Para muitos, as algas são pouco peculiares no cardápio humano sendo muitas vezes associadas a regimes culinários e astronómicos de zonas orientais. Por serem ricas em proteínas, fibras, minerais, lípidos, hidratos de carbono, vitaminas, ferro, iodo (mineral essencial ao correcto funcionamento da tiróide) e antioxidantes são hoje em dia cada vez mais procuradas pelos cozinheiros e pessoas que procuram uma receita alternativa e nutritiva. A ação dos ingredientes ativos presentes nas algas promove o aumento da síntese proteica e a aceleração da regeneração celular cutânea. Muitas contêm níveis elevados de aminoácidos essenciais, semelhantes a leguminosas e ovos.

     Vitamina A, C e E também são encontradas nas algas em quantidades úteis, e também são uma das poucas fontes vegetais de vitamina B12. Para os vegetarianos e para os que consomem pouca ou nenhuma carne ou peixe, as algas marinhas podem ajudar a reabastecer ou a manter as reservas de ferro. A ingestão regular de algas pode também ajudar a combater a anemia. Maior parte das algas marinhas é rica em ómega-3, um nutriente essencial com inúmeros benefícios à saúde, incluindo a redução do colesterol e melhoramento da saúde do coração. Enquanto os seres humanos obtêm a maior parte do ómega-3 através da ingestão de peixes marinhos, as preocupações com a sustentabilidade promoveram a que algumas empresas explorassem estas algas e outras como fonte mais viável destes nutrientes.

     As algas marinhas são uma das maiores “jóias do mar”. São organismos que crescem em água salgada e tal como as plantas terrestres necessitam de luz solar para prosperar. Existem inúmeras variedades de algas, sendo classificadas a partir da sua coloração, podendo ser designadas algas verdes, vermelhas ou castanhas. Cada alga é única na sua forma, sabor e textura. Apesar da abundância de algas na costa portuguesa, o uso destas na alimentação não tem grande tradição em Portugal, excepto para algumas comunidades costeiras nos Açores. Nestas comunidades, algas como Porphyra leucostica, conhecida como “erva-patinha” ou “erva do calhau”, e Nemalion helminthoides geralmente chamada de “esparguete da costa” são exemplos de algumas algas consumidas nesta região.

Erva-patinha (Porphyra leucostica
      É uma alga laminar, translúcida e mucilaginosa ao tacto, de contorno circular ondulado, podendo atingir comprimentos de 5 a 17 cm. A sua fixação ao substrato faz-se através de um pequeno disco situado no centro da lâmina, Ainda que prefira as zonas expostas, esta alga surge em todo o patamar mediolitoral. Quando os exemplares abundam, chegam a formar uma grande pele escura e brilhante sobre as grandes rochas, na zona costeira. Pela sua riqueza mineral e proteica, sabor intenso, aroma característico e textura suave, a “erva-patinha” é uma das algas mais apreciadas e a de mais elevado preço. Os espécimes do género Porphyra destacam-se pela sua grande riqueza em aminoácidos e de boa digestibilidade. É excepcionalmente rico em provitamina A, superando as hortaliças e, também, os mariscos e peixes. Os valores de vitamina B12 são também muito elevados nesta alga (29 g por cada 100 g de alga). A Porphyra tem uma baixa percentagem em gorduras e estas são de grande valor nutritivo pois, mais de 60% das mesmas, são ácidos gordos polinsaturados ómega 3 e ómega 6. É indicado para pessoas com falta de visão, especialmente visão noturna. Para além disso protege e nutre a pele e as mucosas. São plantas anuais e sazonais, que só ocorrem no final do Inverno e Primavera. São características do limite superior da zona das marés, onde podem formar mantos de pequena extensão. São abundantes em algumas ilhas (Flores, Faial, São Miguel) e ocasionais em outras, mas estão presentes em todo o arquipélago. São coletadas em algumas ilhas e utilizadas na preparação de alguns pratos, tais como sopas, tortas, pataniscas.

Figura 1 - "Erva-patinha".
Figura 2 - "Erva-patinha".
     
    Esparguete da costa (Nemalion helminthoides) 
    É uma alga vermelha, de cor castanho-avermelhada, constituída por uma pequena estrutura basal discóide. O seu talo cilíndrico faz lembrar esparguete, característica que originou o nome “espaguete da costa”. Ocasionalmente pode apresentar uma ramificação dicotómica e os ramos possuem entre 0,5 a 5 mm de espessura. Desconhecido nos países asiáticos, é cada vez mais valorizada na Europa, tanto nos restaurantes como nas padarias especializadas. Já há vários anos se fabricam empadas, pizas, massas, patês, pães, aperitivos fritos e latas de conserva, visto que o seu sabor faz lembrar alguns cefalópodes (chocos e sépias). É uma das algas com mais sucesso entre as espécies atlânticas e, ao mesmo tempo, uma das mais baratas, devido à sua grande biomassa e facilidade de recolha nas zonas costeiras. Pela sua excelente riqueza nutritiva, pela sua consistência carnosa e paladar suave, o “esparguete da costa” cresce no limite superior do mediolitoral em todo o arquipélago. É uma espécie anual e sazonal que ocorre na Primavera.

1 comentário:

  1. Boa tarde Flávio,

    O meu nome é Rita Patarra e fiquei a saber hoje da existência deste artigo. As fotos usadas no mesmo foram tiradas sem a autorização comissão organizadora da análise sensorial para a qual o Flávio Rodrigues foi gentilmente convidado a participar. Neste sentido, agradecia que retirasse as fotografias do seu blog e do seu perfil do google + e que me enviasse uma mensagem para o meu endereço de email rpatarra@uac.pt assim que proceda à remoção das referidas fotografias.

    Com os meus cumprimentos,
    Rita F. Patarra

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